Acirramento na competição entre comercializadoras e distribuidoras, assim como maior transparência nas mãos do consumidor poderá levar a reduções nas contas de luz.
O conceito de “Energia Aberta” ou “Open Energy” já foi adotado com sucesso mundialmente nos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e Austrália. Ele se baseia no princípio de que os dados são propriedade do consumidor e este tem o direito de os partilhar com prestadores de serviços que possam o beneficiar. Com maior empoderamento dos consumidores, maior utilização de tecnologia e maior concorrência entre entes da indústria, vários são os impactos positivos em toda a cadeia de geração de energia, tais como:
- Desenvolvimento de novos e melhores produtos energéticos para os consumidores;
- Aumento da eficiência operacional dos agentes do setor elétrico através da melhoria de processos e redução de custos de transação entre os agentes do setor;
- Eliminação do consumo de energia proveniente de fontes não renováveis, partindo do pressuposto que o consumidor poderá conhecer a sua fonte de energia e escolher aquela ambientalmente correta;
- Melhora na transparência, qualidade e o fluxo de informação das autoridades de mercado e reguladoras;
Nos Estados Unidos, a implementação do Open Energy começou em 2012. A primeira iniciativa foi disponibilizar as informações da conta de luz em uma planilha no site da distribuidora. Isto permitiu aos americanos rever as suas próprias contas, determinar o método de fixação de preços mais adequado ao seu perfil de consumo e partilhar os seus dados com as comercializadoras de energia para receber um produto mais adequado às suas necessidades.
No Brasil, o setor financeiro já viu uma iniciativa semelhante chamada “Open Finance”. O setor financeiro passou por uma grande mudança com o surgimento dos bancos digitais e Fintechs.
Como isso pode funcionar na prática? Uma opção é monitorar melhor o seu consumo de energia e identificar detalhadamente as causas dos aumentos temporários na sua conta de luz. Outra opção é buscar ajuda de uma empresa que possa sugerir medidas práticas para minimizar o impacto do consumo na sua conta. Por exemplo, um consumidor de energia poderia conceder a um gestor de energia acesso aos seus dados mensais de consumo de energia, a fim de obter melhores serviços e/ou produtos.
Ao implementar o “Open Energy”, as startups que combinam energia e tecnologia podem abrir uma gama de oportunidades e novas soluções que proporcionam melhores experiências aos clientes, eficiência para todas as partes e maior transparência e agilidade. Este tipo de iniciativa quase sempre cria um espaço muito fértil para a inovação, com inúmeras oportunidades para novos produtos e serviços que podem beneficiar os consumidores de energia.
O setor elétrico tem visto o nascimento de uma nova geração de empresas, conhecidas como Climate Techs, estas start-ups buscam usar a tecnologia para ajudar a conter as mudanças climáticas. Um exemplo em operação no Brasil é a Energia Certa, que conecta usinas solares a milhares de consumidores e pequenos negócios em Minas Gerais. O Open Energy irá certamente acelerar a modernização do setor de energia brasileiro e melhorar a competitividade da indústria nacional.